O humor do mercado virou amargo nesta sexta-feira (18). O dólar comercial disparou 0,73%, sendo negociado a R$ 5,5875, após oscilar entre R$ 5,56 e R$ 5,598 ao longo do dia. Já o Ibovespa caiu 1,61%, fechando em 133.381,58 pontos, o menor nível desde abril, refletindo grande aversão ao risco.
O que motivou essa instabilidade?
O ambiente político local azedou rapidamente. Na manhã de sexta, a Polícia Federal deflagrou uma operação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que agora enfrenta medidas restritivas — incluindo uso de tornozeleira — por determinação do STF. O fato gerou receio de retaliação americana, com o presidente Donald Trump insinuando novas tarifas sobre o Brasil.
Essa combinação política e econômica foi determinante para o dólar, que ficou próximo dos R$ 5,60 — patamar não visto há mais de um mês. Enquanto isso, investidores internacionais retiraram cerca de R$ 4 bilhões de ativos brasileiros até o dia 16 — movimento que se intensificou frente ao impasse tarifáriol.
Queda forte na bolsa
O Ibovespa sofreu a maior queda diária desde abril, encerrando com perdas de 1,61%, aos 133.381,58 pontos. O volume financeiro, de aproximadamente R$ 19,6 bilhões, ficou acima da média dos últimos 50 pregões.
Entre os destaques negativos, as ações ligados a bancos — como Itaú e Bradesco — e das gigantes do petróleo — Petrobras e Vale — recuaram entre 1% e 2%, pressionando fortemente o índice. Na ponta positiva, poucos nomes se salvam neste cenário.
Dólar: refúgio em meio ao caos
Enquanto o câmbio global se mantinha relativamente estável — o DXY recuou 0,16% —, por aqui o real foi penalizado pelas tensões locais. Apesar de ruídos globais, a demanda por dólar se concentrou em buscar proteção contra riscos políticos específicos do Brasil.
O que vem por aí?
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Atenção ao desenrolar das tarifas americanas, principalmente diante das ameaças de Trump contra o Brics e reações ao episódio Bolsonaro.
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Operações da PF e decisões do STF devem continuar dominando o noticiário e mantendo a volatilidade dos ativos.
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O mercado global fica atento aos próximos passos de Trump e aos sinais sobre a condução do Federal Reserve — embora o reflexo local seja mais acentuado.
Panorama de indicadores – fechamento em 18/07/2025 (após 19h)
Indicador |
Valor |
Dólar comercial |
R$ 5,5875 (+0,72%) |
Ibovespa |
133.381,58 pts (–1,61%) |
Volume na B3 |
R$ 19,6 bilhões |
A combinação de tensão política interna, investigação contra Bolsonaro e temores de retaliação americana jogou o mercado brasileiro em queda livre — com o dólar atingindo níveis de desconforto e o Ibovespa marcando a maior queda em meses. O cenário pede atenção redobrada nos próximos dias, com foco na agenda política e na reação de investidores internacionais.
Por que essa tensão impactou o câmbio e a bolsa?
Investidores reagiram com aversão ao risco diante do que consideram um cenário político inflamado. A combinação entre uma operação de alto impacto e a possibilidade de retaliações comerciais por parte dos EUA — com Trump ligando possíveis tarifas ao contexto judicial brasileiro — detonou uma liquidação de ativos e migração para o dólar.
Enquanto isso, o Ibovespa foi pressionado por perdas generalizadas, especialmente em setores sensíveis a risco, como bancos, commodities e empresas industriais. A queda ocorreu em um pregão de liquidez elevada, com volume de aproximadamente R$ 19,7 bilhões
Box informativo – o que a PF encontrou no banheiro
Durante a operação, foram apreendidos:
- US$ 14 mil em espécie, equivalentes a cerca de R$ 77,7 mil,
- R$ 8 mil em dinheiro vivo,
- Um pen drive, cujo conteúdo será periciado.
As autoridades avaliam que a presença desses itens pode caracterizar ocultação de patrimônio e tentativa de obstrução da justiça, aumentando significativamente o clima de instabilidade política no país.
Confira as medidas determinadas contra Bolsonaro:
- Uso de Tornozeleira Eletrônica;
- Recolhimento domiciliar noturno entre as 19h e as 6h, de segunda a sexta-feira, e integral nos fins de semana e feriados;
- Proibição de aproximação e de acesso a embaixadas e consulados de países estrangeiros;
- Proibição de manter contato com embaixadores ou autoridades estrangeiras;
- Proibição de uso de redes sociais, diretamente ou por intermédio de terceiros.
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* Com informações das fontes:
- Banco Central do Brasil – www.bcb.gov.br
- B3 – Brasil Bolsa Balcão – www.b3.com.br
- Agência Brasil (18/07/2025)
- Valor Econômico – Cotações em tempo real (18/07/2025)
- G1, UOL e CNN Brasil – cobertura da operação Tempus Veritatis e apreensões
- FOMC (Federal Open Market Committee) – declaração de política monetária, julho de 2025
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