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O cenário recente da crise no Conglomerado Master, principal controlador do Banco Master, ocasionou a decretação pelo Banco Central (BC) da liquidação extrajudicial do Banco Master em 18 de novembro de 2025, motivada por uma grave crise de liquidez e graves violações às normas do sistema financeiro nacional. Essa medida visa a proteção do mercado e a redução dos impactos negativos para os clientes e credores. Contudo, o banco digital Will Bank, que compõe esse conglomerado, não foi incluído na liquidação e permanece em operação sob o Regime Especial de Administração Temporária (RAET), um mecanismo de gestão que permite a continuidade das atividades enquanto se busca uma solução estratégica, como a venda do banco a novos investidores.
A autoridade monetária optou por colocar o Banco Master Múltiplo, licenciado e controlador do Will Bank, no RAET, regime que tem duração prevista de até 120 dias, durante os quais uma administração especial, nomeada pelo BC, assume os poderes de gestão da instituição. O RAET não interrompe nem suspende as operações, garantindo que bancos e clientes mantenham o uso de contas, cartões e demais serviços financeiros sem necessidade de acionamento do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). No caso do Will Bank, a permanência no RAET permite negociações avançadas de venda; o fundo Mubadala Capital, de origem árabe, foi reportado como o investidor principal interessado, embora haja relatos de suspensão momentânea no processo por conta dos desdobramentos da liquidação do Master.
A composição acionária do Will Bank, resultante da aquisição pelo Banco Master realizada em fevereiro de 2024, inclui o Banco Master como acionista majoritário, além do fundo de private equity da XP Inc. A aquisição proporcionou ao Banco Master uma expansão significativa do atendimento no varejo digital, elevando a base para mais de 10,5 milhões de clientes e planejando ampliar sua atuação em produtos financeiros como cartões, crédito e seguros. O Banco Master, sob nova gestão desde 2018, tem também como acionistas Daniel Vorcaro, Maurício Quadrado e Augusto Lima, que conduziram a estratégia para consolidar sua atuação digital, com o Will Bank como peça central nessa reorganização.
O Banco Central, ao realizar a liquidação do Banco Master, estabeleceu medidas adicionais, como a indisponibilidade dos bens dos controladores e ex-administradores, incluindo o ex-presidente Daniel Vorcaro, preso na operação Compliance Zero pela Polícia Federal. Essas ações visam apuração de responsabilidades e eventuais sanções administrativas e criminais.
Enquanto o Banco Master passa a ser liquidado e deixará o mercado com ações conduzidas pelo administrador nomeado pelo BC para venda de ativos e recuperação de créditos, o Will Bank terá um destino mais incerto, porém protegido, dependendo do avanço da negociação de venda para preservar suas operações e evitar contaminação pelo quadro de crise do conglomerado.
A manutenção do Will Bank em funcionamento é uma medida estratégica para o sistema financeiro, preservando um banco digital que atende a milhões de clientes, muitos deles em regiões como o Nordeste, com um portfólio diversificado de produtos e serviços financeiros. A expectativa é que, com a conclusão do processo de venda, o Will Bank possa continuar sua trajetória de crescimento e inovação no mercado brasileiro, com governança ajustada e controle acionário redefinido.
Operações entre BRB e Banco Master sob investigação evidenciam riscos nas relações institucionais
Banco de Brasília transferiu R$ 16,7 bilhões ao Banco Master entre 2024 e 2025, com indícios de fraude e gestão temerária, enquanto contrato com senador Flávio Bolsonaro levanta debate sobre critérios e autonomia política. - publicado em 17 de novembro de 2025

As operações financeiras entre o Banco de Brasília (BRB) e o Banco Master tornaram-se centrais no debate sobre integridade institucional e riscos sistêmicos no setor bancário brasileiro após investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Entre julho de 2024 e outubro de 2025, o BRB teria transferido R$ 16,7 bilhões ao Banco Master, sendo R$ 12,2 bilhões em transações marcadas por identificação de créditos sem lastro e sem documentação, pensados para socorrer o caixa do conglomerado privado em momento de crise de liquidez. O Banco Central vetou em setembro de 2025 a tentativa do BRB de adquirir o Banco Master, considerada inadequada diante do risco à solidez financeira do banco público e à sua função estratégica para o Distrito Federal.
Segundo documentos analisados pela Polícia Federal, o Banco Master emitiu títulos e certificados de depósito (CDBs) acima das taxas de mercado, captando recursos com promessa de rentabilidade irreal, parte dos quais se reverteram em ativos inexistentes, revendidos ao BRB para gerar liquidez artificial. O Ministério Público aponta que a atuação do BRB contribuiu para dissimular a real situação financeira do Banco Master, provocando questionamento sobre a condução da administração do banco estatal. A compra de parte do Banco Master pelo BRB previa aquisição de 49% das ações ordinárias, 100% das preferenciais e 58% do capital total do Master, mas a transação foi barrada pelo Banco Central após detalhamento das operações suspeitas.
Paralelamente às transações institucionais, o BRB também foi destaque por financiar um imóvel adquirido pelo senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, no Setor de Mansões Dom Bosco, em Brasília. O BRB concedeu financiamento de aproximadamente R$ 3,1 milhões, parte do valor total do imóvel de R$ 5,97 milhões. Essa operação reacendeu debates sobre condicionantes para liberação de crédito a figuras públicas e a necessidade de transparência e isonomia nos critérios aplicados por bancos estatais. Ainda que a instituição afirme adotar taxas a partir de 3,4% ao ano mais IPCA para esse tipo de financiamento imobiliário, investigações sobre eventuais favorecimentos ou irregularidades seguem tramitando no Ministério Público e nas esferas de controle externo.
Com a prisão do controlador do Banco Master e o afastamento temporário do presidente do BRB, reforça-se a discussão sobre o grau de exposição de bancos públicos a práticas arriscadas e a processos decisórios marcados pela influência política. O episódio evidencia a necessidade de fortalecer mecanismos de governança, auditoria e supervisão para evitar prejuízos à administração pública e aos acionistas minoritários. O sistema financeiro nacional, sob análise das autoridades, busca limitar impactos e preservar a confiança do mercado diante de operações que desafiam as normas de solidez e prudência.
(*) Com informações das fontes: G1, Agência Brasil, CNN Brasil, Forbes Brasil, BBC, Gazeta do Povo, InfoMoney, Pleno.News, DGRJ, Crusoé.
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(*) Com informações das fontes: Jota, A Gazeta, Finsiders Brasil, Folha PE, Terra, Banco Master, InfoMoney, IstoÉ Dinheiro, G1, Meio & Mensagem, PlatroBR.
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