Uma moto da Guarda Civil Metropolitana (GCM) equipada com câmera com tecnologia OCR (Reconhecimento Óptico de Caracteres) do programa Smart Sampa prendeu um motociclista que usava em sua moto a mesma placa adulterada que já havia sido flagrada mais de nove mil vezes em outros veículos e em locais diferentes pelo sistema entre junho e julho de 2025.
O flagrante ocorreu nesta segunda-feira (1º), quando os agentes da GCM faziam patrulhamento na Rua Conselheiro Crispiniano, na região da República, centro da capital, e identificaram uma motocicleta HAOJIAN Avelloz AZ1 utilizando a placa BRA49CC. Imediatamente, a equipe abordou o condutor e, após vistoria no veículo, localizou uma segunda placa sob o banco da motocicleta.
Uma consulta aos sistemas de inteligência confirmou que essa é a placa verdadeira do veículo, registrada regularmente no Detran-SP e compatível com o chassi da motocicleta e os dados do condutor, que foi detido e encaminhado ao 2º Distrito Policial, onde permaneceu preso em flagrante por adulteração de sinal identificador de veículo automotor. A motocicleta e a placa irregular foram apreendidas.
Motociclistas que utilizam placas adulteradas ou clonadas fazem isso, principalmente, para escapar da fiscalização eletrônica e para dificultar a identificação em crimes, já que a placa falsa não corresponde ao veículo real. Muitas vezes, eles mantêm a placa verdadeira escondida no próprio veículo para tentar evitar o flagrante: em caso de abordagem, podem recolocar a original e alegar que não estavam cometendo nenhuma irregularidade.
Tecnologia que transforma a segurança urbana
Essa ocorrência é resultado direto do novo modelo de patrulhamento implantado pela Prefeitura, que integra câmeras com a tecnologia OCR. Os equipamentos, embarcados em 100 motos das forças de segurança, realizam a leitura automatizada de placas de veículos durante o deslocamento e cruzam essas informações com bancos de dados de segurança pública.
Caso seja detectada uma irregularidade – como veículos roubados, furtados, com placas clonadas ou adulteradas – a notificação é enviada em tempo real à mesma equipe que capturou a imagem, permitindo respostas rápidas e abordagens eficazes.
Ao fazer a entrega dos equipamentos, no dia 11 de agosto, o prefeito Ricardo Nunes lembrou que muitos crimes são praticados com duas ferramentas: uma arma e uma moto - e que essa iniciativa vai revolucionar a política de segurança pública urbana. “Estamos realizando uma ação inédita no mundo. Não existe situação no mundo em que as motos da Polícia Militar ou da Polícia Municipal tenham câmeras com tecnologia de leitura de placas, com registro de roubo, furto ou placas falsas”, explicou, lembrando que a iniciativa foi possível graças à integração da Prefeitura com o Governo do Estado.
As câmeras móveis permitem identificar, em tempo real, veículos e condutores suspeitos, emitindo alertas imediatos para abordagem e retirada de criminosos das ruas.
Placas falsas
A adulteração e clonagem de placas se tornou uma das principais preocupações da segurança pública municipal. Com a falta de exigência de lacre nas placas, criminosos têm adquirido placas falsas facilmente pela internet, por valores entre R$ 20 e R$ 30.
Diante desse cenário, a Prefeitura de São Paulo pediu ao Governo Federal e ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) a retomada da obrigatoriedade dos lacres de segurança em placas veiculares, especialmente em motocicletas – as mais visadas por criminosos. O lacre é um recurso fundamental para dificultar a substituição fraudulenta de placas e, aliado ao monitoramento em tempo real do Smart Sampa, pode ampliar a eficácia das ações de fiscalização.
Um exemplo trágico da gravidade desse cenário foi o assassinato do ciclista Vítor Medrado, ocorrido em fevereiro deste ano, nas proximidades do Parque do Povo. Os criminosos utilizavam uma moto com placa adulterada. O crime foi solucionado graças à atuação do Smart Sampa, que ajudou na identificação e localização dos envolvidos.
Considerado o maior programa de monitoramento inteligente da América Latina, o Smart Sampa conta hoje com 32 mil câmeras em operação na cidade de São Paulo, das quais 20 mil são próprias e 12 mil cedidas por terceiros, sendo 4.000 com tecnologia para leitura de placas. Desde sua implantação, o sistema já contribuiu para a captura de 1.769 foragidos, além de 3.214 prisões em flagrante e 20 ocorrências com veículos. O sistema também auxiliou na localização de 86 pessoas desaparecidas.