"> Com recorde de atletas, corrida de São Silvestre terá centésima edição

 

Esporte - 29/12/2025 - 09:46:17

 

Com recorde de atletas, corrida de São Silvestre terá centésima edição

 

Da Redação com Abr

Foto(s): Arte @HORA

 

Olho: Proposta de paz mediada por Washington avança com plano revisado de 20 pontos, segurança americana reforçada a Kiev e resistência de Moscou a concessões territoriais e limitações militares.

Olho: Proposta de paz mediada por Washington avança com plano revisado de 20 pontos, segurança americana reforçada a Kiev e resistência de Moscou a concessões territoriais e limitações militares.

A proposta de acordo entre Ucrânia e Rússia entrou em uma fase decisiva, com um plano revisado de 20 pontos praticamente fechado entre Kiev e Washington, mas ainda sob forte resistência do Kremlin e cercado de dúvidas sobre sua viabilidade política e militar. O governo de Donald Trump se apresenta como fiador de um arranjo que combina concessões territoriais, garantias de segurança dos Estados Unidos à Ucrânia e a reintegração gradual da Rússia à economia e à diplomacia globais, mas Putin sinaliza que não aceitará um texto que dilua suas exigências centrais.

Comparação entre Ucrânia e Rússia

Aspecto Posição Ucrânia Posição Rússia
Territórios Recuperação gradual via transição Reconhecimento imediato de ganhos
Forças Armadas Teto temporário com rearmamento Limites permanentes e desmilitarização
Garantias Defesa EUA/Europa robusta Neutralidade e fim de Otan na fronteira
Sanções Alívio condicionado a verificação Remoção ampla e retorno a G8
Cessar-fogo Verificável com monitoramento Sem pré-condições para Kiev

Como evoluiu o plano de paz

O ponto de partida da atual negociação foi um controverso plano de 28 pontos elaborado pela administração Trump, construído com forte influência de um documento apresentado por Moscou à Casa Branca e depois adaptado pelos negociadores americanos. Esse rascunho previa cessões de território sob controle ucraniano à Rússia, limite de efetivos das Forças Armadas da Ucrânia e uma arquitetura de segurança que incluía diálogo institucionalizado entre Washington, Moscou e a Otan, além de acenos para o retorno da Rússia ao G8 e alívio de sanções.

A repercussão negativa entre aliados europeus e dentro da própria Ucrânia levou a uma reescrita profunda do texto, reduzindo a margem para demandas maximalistas do Kremlin e abrindo espaço para um plano revisado, descrito por autoridades em Kiev e em Washington como um novo quadro de 20 pontos. Nesse formato, a ênfase migra para a combinação de um cessar-fogo verificável, garantias de segurança de longo prazo lideradas pelos Estados Unidos e uma negociação faseada sobre questões territoriais sensíveis como Donbas e a usina nuclear de Zaporizhzhia.

Posição da Ucrânia e de Zelensky

Volodymyr Zelensky passou de uma postura de rejeição explícita a concessões territoriais sob pressão militar para uma estratégia de negociação em que tenta calibrar o custo político interno com a necessidade de preservar o apoio ocidental e obter garantias concretas de segurança. Em público, o presidente afirma que o plano revisado está “90% acordado” e insiste que qualquer arranjo deve preservar a soberania ucraniana e os princípios de integridade territorial, mesmo que a discussão sobre fronteiras se desdobre em etapas e sob forte monitoramento internacional.

Kiev aceita discutir retirada de tropas de determinadas áreas do Donetsk e mecanismos de administração transitória em zonas de conflito, mas tenta travar qualquer formulação que legitime mudanças de fronteira impostas pela força, algo que a União Europeia também considera inaceitável. No plano interno, Zelensky procura mostrar que está disposto a fazer concessões procedimentais em troca de compromissos firmes de defesa, e não a assinar um cessar-fogo que congele, em termos de poder real, uma vantagem militar russa.

Posição da Rússia e de Putin

Do lado russo, Vladimir Putin mantém a lógica de negociar a partir de uma postura de força, ampliando ataques a Kiev e reforçando movimentações militares enquanto o texto do acordo é discutido entre ucranianos e americanos. O Kremlin demonstra desconforto com as mudanças feitas pela Ucrânia e pelos Estados Unidos no plano de 28 pontos, especialmente na retirada ou diluição de cláusulas que consolidavam ganhos territoriais e limitavam de maneira duradoura a capacidade militar ucraniana.

Porta-vozes russos apontam que um cessar-fogo “sem condições prévias” seria apenas uma oportunidade para Kiev se rearmar com apoio ocidental, e Putin repete que só considerará um acordo que lhe permita apresentar o fim da guerra como uma vitória estratégica. Por trás da retórica, assessores próximos ao Kremlin veem na proposta americana um caminho potencial para aliviar sanções, reabrir canais econômicos e reaproximar Moscou de fóruns como o G8, mas consideram que essas vantagens precisam ser acompanhadas de garantias de que a Ucrânia não será uma plataforma militar hostil.

Papel dos EUA, de Trump e reações ocidentais

Donald Trump transformou o dossiê Ucrânia em vitrine de política externa, fixando prazos públicos para a conclusão de um acordo e apresentando-se como protagonista capaz de encerrar a guerra rapidamente. A Casa Branca tenta convencer Kiev de que a combinação de um teto para as Forças Armadas ucranianas, uma espécie de não ampliação formal da Otan e um regime robusto de garantias bilaterais americanas seria suficiente para desestimular futuras agressões russas.

Entre os aliados europeus, porém, predomina cautela com a velocidade e o conteúdo do plano americano, gerando reuniões de emergência para construir uma resposta coordenada à pressão do governo Trump sobre Zelensky. Líderes da União Europeia reforçam em declarações conjuntas que qualquer paz “justa e duradoura” deve respeitar o direito da Ucrânia de definir o próprio futuro e não pode sancionar alterações de fronteiras por meio da força, criando um contraponto político aos incentivos de Washington para que Kiev aceite o acordo em curto prazo.

Comparação das posições de Ucrânia e Rússia

Na essência, a posição ucraniana busca ancorar o acordo em três pilares: integridade territorial como princípio, garantias de segurança americanas e europeias de longo prazo e recuperação gradual de controle político e administrativo sobre áreas ocupadas, ainda que por mecanismos transitórios. Já a posição russa prioriza o reconhecimento de ganhos territoriais de fato, limitações duradouras à capacidade militar de Kiev e a desmilitarização do entorno sob a forma de travas à expansão da Otan e de compromissos de neutralidade prática da Ucrânia.

Nos dois lados, há um cálculo sobre desgaste de guerra e pressão interna, mas a assimetria é clara: a Ucrânia precisa de garantias externas para sobreviver como Estado funcional enquanto a Rússia condiciona qualquer redução de hostilidades a concessões que estabilizem sua influência sobre o espaço pós-soviético. Essa discrepância faz com que, mesmo com 90% do texto “acordado” segundo Zelensky, a disputa sobre território, status da Ucrânia em relação à Otan e cronograma de retirada de tropas siga como o núcleo duro que pode tanto viabilizar o acordo quanto provocar novo colapso nas conversas.

Opiniões de analistas, aliados e sociedade civil

Especialistas em segurança europeia veem o plano revisado como um equilíbrio instável entre a urgência de conter a escalada militar e o risco de consolidar um precedente perigoso de mudança de fronteiras pela força na Europa. Para esses analistas, o pacote de garantias americanas precisa ser suficientemente crível para compensar concessões territoriais discutidas nos bastidores e para desestimular futuros avanços russos, sob pena de transformar o acordo em apenas uma pausa entre duas fases da guerra.

Organizações da sociedade civil ucraniana alertam para a possibilidade de o país ser pressionado a aceitar um “acordo imperfeito” que sacrifique justiça e responsabilização por crimes cometidos na guerra em nome da estabilização imediata. Em contraponto, diplomatas europeus e de organismos multilaterais reconhecem que nenhuma arquitetura de paz será politicamente pura depois de anos de conflito, e defendem construir, a partir de um primeiro cessar-fogo, mecanismos de monitoramento internacional, arbitragem e revisões periódicas do acordo.

No cenário interno dos Estados Unidos, opositores acusam Trump de oferecer um plano desequilibrado, inicialmente alinhado às exigências russas e potencialmente lesivo à credibilidade americana junto a aliados, enquanto apoiadores celebram a possibilidade de encerrar um conflito prolongado e caros pacotes de ajuda a Kiev. Em Moscou, vozes nacionalistas pedem que Putin não aceite recuos em relação ao texto original de 28 pontos, enquanto setores mais pragmáticos veem no pacote de alívio de sanções e retorno a fóruns econômicos uma chance de atenuar o isolamento que pesa sobre a economia russa.

A combinação desses vetores faz com que a proposta de acordo entre Ucrânia e Rússia esteja simultaneamente mais próxima de um rascunho final e exposta a choques políticos que podem, novamente, travar o processo, sobretudo se Trump, Putin ou Zelensky julgarem que o custo doméstico de avançar supera o ganho diplomático imediato. A janela atual abre uma oportunidade rara de contenção da guerra, mas a distância entre o texto em negociação e a implementação no campo de batalha ainda dependerá de decisões difíceis em Kiev, Moscou, Washington e capitais europeias.

(*) Com informações das fontes: CNBC, The Guardian, New York Times, CNN, DW, Reuters, Axios, Al Jazeera, Sky News, Politico, BBC, Kyiv Independent.

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