"> Defesa da democracia e o perigo da tirania: líderes reagem ao avanço do extremismo no mundo

 

Opinião - 21/07/2025 - 22:00:32

 

Defesa da democracia e o perigo da tirania: líderes reagem ao avanço do extremismo no mundo

 

Vicente Barone | Especial para @HORA .

Foto(s): Divulgação / Arquivo Pessoal

 

Lula compara radicalismo contemporâneo ao nazismo e lidera ação internacional contra intolerância no Chile

Lula compara radicalismo contemporâneo ao nazismo e lidera ação internacional contra intolerância no Chile

Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou a onda recente de extremismo na política com o período de ascensão do Partido Nazista na Alemanha, na década de 1930 do século passado.Fotp Ricardo Stuckert/P

Em 21 de julho de 2025, em Santiago do Chile, na cúpula “Democracia Sempre”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um alerta contundente sobre o crescimento do extremismo global. Ele comparou a recente onda de radicalização ao período da ascensão do Partido Nazista na Alemanha, nos anos 1930, destacando que a democracia está sob risco caso não haja respostas democráticas e inclusivas.

Segundo Lula, é fundamental respeitar diversidade ideológica, cultural e religiosa. A mensagem dele à imprensa foi clara: a legitimidade de um regime democrático não depende de sua orientação política — esquerda, centro ou direita —, mas da existência de diálogo, tolerância e instituições fortes.

O encontro contou com a presença de outros líderes progressistas, como Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Pedro Sánchez (Espanha) e Yamandú Orsi (Uruguai), que também defenderam valores democráticos frente ao avanço autoritário e à desinformação digital. Eles se comprometeram a intensificar a cooperação internacional em defesa dos direitos humanos e do multilateralismo, e a reduzir desigualdades sociais — vistas como terreno fértil para discursos de ódio e fragmentação social.

Democracia em cheque

Durante o evento no Palácio de La Moneda, Lula ressaltou que enfrentar o extremismo não se limita a eleições formais. Em muitos países, instituições vêm sendo corroídas por atitudes que lembram regimes totalitários. Ele reforçou a urgência de regulamentar as plataformas digitais e combater narrativas conspiratórias com transparência pública e educação política.

Petro e Sánchez também participaram intensamente. Petro destacou o uso sofisticado de algoritmos para manipular a opinião pública, enquanto Sánchez chamou para a construção de uma “internacional da verdade”, que combata proposições ultradireitistas com propostas concretas.

Compromissos firmados

Ao fim da cúpula, os participantes assinaram uma declaração conjunta que inclui:

  • reforço de uma diplomacia democrática ativa e multilateral
  • promoção de governança global mais inclusiva
  • luta contra a desigualdade e o discurso de intolerância
  • apoio a estruturas de participação social e reflexão acadêmica

O documento será levado à Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro e simboliza o esforço por soluções políticas, não autoritárias, para o grave cenário internacional atual.

Por que o tema é relevante agora?

  • O avanço de políticas autoritárias e nacionalistas em diversas regiões impõe risco às instituições democráticas
  • Plataformas digitais têm sido utilizadas para espalhar desinformação e discursos de ódio, ameaçando confiança pública
  • O cenário econômico e social polarizado favorece o surgimento de narrativas intolerantes
  • A democracia global exige respostas coordenadas, não isoladas

O que podemos aprender?

A mensagem é clara: a democracia é frágil e precisa de proteção constante. Se não for aperfeiçoada, pode se tornar uma fachada vazia, incapaz de representar efetivamente a pluralidade social. Resolver os desafios atuais exige mais democracia — participação ativa, diálogo aberto e instituições fortalecidas — não retrocessos autoritários.


A comparação feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre o extremismo contemporâneo e a ascensão do nazismo nos anos 1930 é forte, simbólica e, sob certos aspectos, válida, mas exige cuidados históricos e conceituais para não ser mal interpretada.

O que torna a comparação válida:

  1. Processos de corrosão democrática semelhantes:

    • Nos anos 1930, o Partido Nazista chegou ao poder por vias legais na Alemanha, explorando o descontentamento social, a crise econômica e a desinformação, elementos que também estão presentes hoje em muitos países democráticos.

    • Hoje, líderes autoritários também utilizam instrumentos democráticos para minar a própria democracia, como ataques a instituições, censura indireta e deslegitimação de opositores.

  2. Discurso de ódio e exclusão:

    • O nazismo foi marcado por um discurso de ódio contra minorias (judeus, comunistas, homossexuais etc.), algo que ressurge em setores extremistas contemporâneos, especialmente na forma de racismo, xenofobia, misoginia e homofobia.

  3. Uso de propaganda e desinformação:

    • Assim como o regime nazista manipulava a informação por meio de propaganda estatal, muitos regimes e movimentos atuais exploram algoritmos, redes sociais e fake news para distorcer o debate público.

O que exige cautela:

  1. O nazismo foi um regime genocida e militarizado:

    • A Alemanha nazista promoveu o Holocausto e a Segunda Guerra Mundial, com extermínio sistemático de milhões. Comparar qualquer movimento atual diretamente ao nazismo pode relativizar esses horrores.

    • Nem todos os movimentos extremistas contemporâneos chegam a esse nível de violência institucional.

  2. Perigo da banalização:

    • Usar a palavra “nazismo” fora de contexto pode desgastar o conceito histórico e servir de retórica política, em vez de análise crítica. Há o risco de que a acusação se torne um recurso retórico para deslegitimar adversários sem promover um verdadeiro debate democrático.

  3. Diferença de contexto:

    • A Europa dos anos 1930 vivia as consequências de uma guerra mundial e uma hiperinflação devastadora. O cenário atual é diferente, mesmo que tenha paralelos em termos de crises sociais e desigualdade.

Conclusão:

A comparação não é incorreta, especialmente no que diz respeito à forma como o extremismo pode ascender dentro da democracia e corroer suas bases. Mas deve ser usada com rigor histórico e responsabilidade, para não banalizar o nazismo nem reduzir o debate político atual a analogias simplistas.

O alerta de Lula é pertinente: a democracia não é imune ao autoritarismo, e o passado oferece lições valiosas. No entanto, é essencial que lideranças políticas usem esse tipo de comparação para educar e conscientizar, e não apenas polarizar.

Esquerda x Direita em 2025: o mundo dividido entre modelos políticos e regimes autoritários

Entenda como o mapa político global se desenha em 2025 entre democracias, autoritarismos, ditaduras e o avanço de agendas à esquerda e à direita.

Atualização: países-chave e seus regimes em 2025

País Regime Político Ideologia Predominante Observações
Estados Unidos Democracia liberal Direita conservadora Governo de Donald Trump (Republicano), agenda conservadora e econômica pró-mercado
Canadá Democracia parlamentarista Centro-esquerda moderada Governo de Justin Trudeau (Partido Liberal), foco em diversidade e meio ambiente
Alemanha Democracia parlamentarista Centro-esquerda Coligação liderada pelo SPD com os Verdes, políticas sociais e ambientais
França Democracia presidencialista Centro-direita (governo) Governo de Emmanuel Macron (Renascimento), terceira via com foco reformista
Austrália Democracia parlamentarista Centro-esquerda Governo de Anthony Albanese (Trabalhista), com foco em clima e justiça social
Rússia Autocracia Eleitoral / Autoritarismo Direita Nacionalista Governo de Vladimir Putin, repressão a opositores e imprensa controlada
China Ditadura de Partido Único Esquerda autoritária Regime comunista sob Xi Jinping, com censura, vigilância e repressão política
Coreia do Norte Ditadura Totalitária Extrema esquerda militarista Dinastia Kim, culto à personalidade, isolamento e opressão
Irã Teocracia islâmica autoritária Direita religiosa Líder Supremo controla Judiciário e militares, repressão a mulheres e opositores
Arábia Saudita Monarquia absolutista Direita conservadora Sem eleições livres, reformas econômicas limitadas e rígido controle moral
Turquia Democracia autoritária (semihíbrida) Direita islâmica nacionalista Erdoğan concentra poderes e restringe liberdades civis
Cuba Ditadura de partido único Esquerda comunista Ausência de liberdade partidária, economia centralizada, repressão política
Venezuela Autoritarismo populista Esquerda bolivariana Crise institucional, controle eleitoral e perseguição a opositores
Hungria Democracia iliberal Direita nacional-conservadora Viktor Orbán controla imprensa e Judiciário, nacionalismo e retórica anti-Europa

Esquerda democrática ou populista em 2025

Presente em regimes democráticos e em governos autoritários, a esquerda busca agendas sociais, ambientais e redistributivas. Em 2025, permanece forte na América Latina e Europa.

Exemplos de países com governos de esquerda:

  • Brasil (Lula – PT)
  • México (Claudia Sheinbaum – Morena)
  • Chile (Gabriel Boric – Frente Ampla)
  • Colômbia (Gustavo Petro – Pacto Histórico)
  • Alemanha (coalizão SPD-Verdes)
  • Canadá (Trudeau – Partido Liberal)
  • Austrália (Trabalhistas)

Direita conservadora, liberal ou populista

A direita governa parte importante do mundo, com modelos que vão da democracia liberal ao populismo autoritário. Em 2025, cresce o foco em nacionalismo, segurança e economia de mercado.

Exemplos de países com governos de direita:

  • Estados Unidos (Donald Trump – Republicanos)
  • Itália (Giorgia Meloni – Fratelli d’Italia)
  • Israel (Benjamin Netanyahu – Likud)
  • Hungria (Viktor Orbán – Fidesz)
  • Reino Unido (Oposição conservadora ativa)
  • França (Macron – centro-direita reformista)

Regimes autoritários e ditatoriais em 2025

A democracia está sob ameaça em várias regiões. Enquanto alguns regimes são híbridos, outros operam como ditaduras completas:

Tipo de regime Países principais
Democracias plenas Canadá, Alemanha, França, Austrália, Japão, Noruega
Democracias frágeis Brasil, México, África do Sul, Índia, EUA (em disputa)
Regimes autoritários Rússia, Irã, Turquia, Arábia Saudita, Venezuela
Ditaduras absolutas China, Coreia do Norte, Cuba

Comparação geral por temas

Tema Esquerda Democrática/Populista Direita Democrática/Populista
Economia Intervenção estatal, redistribuição Livre mercado, desregulamentação
Direitos civis Ampliação de direitos, minorias Ênfase em valores tradicionais
Meio ambiente Políticas ambientais rigorosas Crescimento com menos regulação
Imigração Abertura, integração Controle, restrições
Política externa Cooperação multilateral Soberania nacional
Comunicação Mídia pluralista Pressão ou controle sobre imprensa

Conclusão

O mundo de 2025 está polarizado entre democracias fortes, governos populistas e regimes autoritários. A luta não é apenas entre esquerda e direita — mas entre liberdade e controle, pluralismo e repressão. Países como EUA, China e Rússia moldam essa divisão, com impactos que vão além das fronteiras nacionais.

* Com informações das fontes:

  • Freedom House Report 2025
  • Economist Intelligence Unit – Democracy Index 2024
  • Human Rights Watch, Anistia Internacional
  • Reuters, BBC, DW, Le Monde, El País
  • The Washington Post, New York Times, The Guardian
  • Dados oficiais de partidos e governos nacionais

* Com informações das fontes: O TEMPO (AFP), Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), El País, Poder360, O Globo e CNN Brasil.

* Vicente Barone é analista político, editor chefe do Grupo @HORA de Comunicação, esteve à frente de diversas campanhas eleitorais como consultor político e de marketing, foi executivo de marketing em empresas nacionais e multinacionais, palestrante nacional e internacional para temas de marketing social, cultural, esportivo e de trasnporte coletivo, além de ministrar aulas como professor na área para 3º e 4º graus - www.barone.adm.br

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