"> Brasil e Estados Unidos: Uma Análise Crítica da Relação Política e Econômica sob o Prisma da Regulação Nacional e do Protecionismo

 

Opinião - 13/08/2025 - 08:12:34

 

Brasil e Estados Unidos: Uma Análise Crítica da Relação Política e Econômica sob o Prisma da Regulação Nacional e do Protecionismo

 

Vicente Barone * .

Foto(s): Divulgação / Arquivo Pessoal

 

A iniciativa do governo brasileiro, pautada na responsabilidade social e no controle estatal para moderar os excessos das plataformas digitais.

A iniciativa do governo brasileiro, pautada na responsabilidade social e no controle estatal para moderar os excessos das plataformas digitais.

A política nacional do Brasil em agosto de 2025 vive um momento de profundos desafios e contradições. A principal medida em curso é a régua regulatória para as redes sociais, projeto enviado ao Congresso pelo presidente Lula que pretende instituir normas de funcionamento para proteger crianças e adolescentes e combater o discurso de ódio. Este esforço, que representa um avanço no enfrentamento de questões sociais e digitais, ao mesmo tempo provoca atritos severos com os Estados Unidos, cujo governo insiste em um protecionismo exacerbado, expressado principalmente no tarifaço de 50% imposto sobre produtos brasileiros exportados para os EUA.

O Projeto de Regulação das Redes Sociais: Uma Medida Necessária e Contestada

A iniciativa do governo brasileiro, pautada na responsabilidade social e no controle estatal para moderar os excessos das plataformas digitais, ganha respaldo da sociedade civil e setores progressistas que veem na regulamentação a defesa das liberdades fundamentais e da integridade das instituições democráticas. No entanto, essa mesma iniciativa é alvo de críticas externas, especialmente dos EUA, que alegam risco à liberdade de expressão e veem nas normas uma forma velada de censura, pressionando diplomaticamente o Brasil e contribuindo para um ambiente de incertezas e riscos políticos.

Estados Unidos: Protecionismo e Truculência nas Relações Bilaterais

A postura americana sob a gestão que eleva as tarifas a níveis inéditos reflete uma agenda protecionista que, para muitos especialistas, ultrapassa a justificativa econômica e se manifesta como uma política agressiva que trava o diálogo entre as duas nações. O tarifaço de 50%, que entrou em vigor em 6 de agosto, é uma medida punitiva que atinge fortemente setores estratégicos da economia brasileira, como o café, a carne bovina e outros produtos essenciais. Essa decisão tem sido qualificada por diplomatas brasileiros como um ato de “truculência” por parte da Casa Branca, a qual demonstra desinteresse em negociar, enquanto o governo brasileiro busca alternativas diplomáticas, inclusive tentando recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC).

O impacto do tarifaço mostra-se no mercado interno brasileiro, pressionando a indústria e o comércio exterior, e fomentando uma sensação crescente de antiamericanismo entre a população. Ao mesmo tempo, empresários e representantes do setor produtivo pedem cautela ao governo para não retaliar, evitando uma escalada que possa agravar ainda mais a situação.

Mercado Financeiro em 12 de agosto de 2025: Reflexos das Incertezas Políticas e Econômicas

No mercado financeiro, os indicadores refletem a tensão, mas também a resiliência do Brasil frente ao cenário adverso. O dólar comercial fechou o dia com cotação PTAX para compra em R$ 5,39, recuando 1,02% frente ao pregão anterior, o que indica valorização do real em meio a dados econômicos positivos, como a inflação abaixo do esperado. O Ibovespa apresentou alta de 1,69%, alcançando 137.913,68 pontos, impulsionado pelo setor financeiro e pela perspectiva de que o plano de contingência do governo possa mitigar os efeitos do tarifaço.

Nos Estados Unidos, os principais índices americanos acompanharam o movimento positivo, com o S&P 500 subindo 1,13% e o Nasdaq 1,39%, sinalizando que, apesar das tensões políticas, os mercados americanos mantêm otimismo em setores tecnológicos e de serviços.

Tabela Visual da Relação Brasil - Estados Unidos (Agosto de 2025)

Aspectos Brasil Estados Unidos
Sistema Político Democracia presidencialista com regulação estatal intensa das redes sociais para proteger direitos sociais e instituição democrática Democracia presidencialista com foco protecionista e geopolítico, elevando tarifas para proteger interesses econômicos e estratégicos
Projeto Legislativo Projeto de lei para regulação das redes sociais enfatiza proteção social e combate ao discurso de ódio Tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, consideradas ato punitivo e sem diálogo efetivo pelo governo brasileiro
Política Comercial Defesa da soberania econômica e busca por diversificação comercial e meios legais para responder Retirada do diálogo e impose tarifário rigoroso; ação vista como truculência diplomática
Sentimento Público Crescente mobilização a favor da regulação e crítica ao protecionismo americano Visão protecionista reforçada; percepção externa vista como agressiva e desproporcional
Mercado Financeiro (12/08) Dólar R$5,39 (-1,02%); Ibovespa 137.913,68 (+1,69%) S&P 500 +1,13%; Nasdaq +1,39%

Considerações Finais: Um Momento de Decisões Cruciais

A matéria original da Agência Brasil, que apresenta o envio do projeto sobre as redes sociais como um avanço imprescindível na regulação digital, oferece uma visão positiva, porém incompleta, da conjuntura atual. Ao não enfatizar suficientemente as repercussões diplomáticas do tarifaço americano e a grave crise comercial que tal medida desencadeia, a cobertura perde a oportunidade de aprofundar o debate sobre as reais consequências geopolíticas e econômicas dessa postura unilateral dos EUA.

Mais do que nunca, o Brasil precisa transitar entre a firmeza na defesa de seus interesses internos, como a proteção de direitos digitais e sociais, e a busca de estratégias diplomáticas sofisticadas para enfrentar o cerco protecionista americano. A falta de diálogo e o uso de sanções comerciais como instrumento político evidenciam que a relação bilateral está em um ponto crítico, que exige prudência, articulação estratégica e mobilização de aliados globais para mitigar impactos e garantir a estabilidade econômica e política do país.

Com informações das fontes: Agência Brasil, G1, BBC Brasil, Tax Group, Amcham Brasil, Bloomberg

* Vicente Barone é analista político, editor chefe do Grupo @HORA de Comunicação, esteve à frente de diversas campanhas eleitorais como consultor político e de marketing, foi executivo de marketing em empresas nacionais e multinacionais, palestrante nacional e internacional para temas de marketing social, cultural, esportivo e de trasnporte coletivo, além de ministrar aulas como professor na área para 3º e 4º graus - www.barone.adm.br

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