Desde 2009, a relação dos Correios com o Senado envolve dezenas de processos judiciais, auditorias e apurações conduzidas pelo Ministério Público Federal a respeito de denúncias de má gestão. A fase mais crítica da estatal, segundo os dados mais atuais enviados pela PGR ao Senado, ocorre sob o comando do governo Lula, que assumiu novo mandato em 2023. O relatório registra que os Correios encerraram o ano de 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões — resultado quatro vezes superior ao registrado no ano anterior, quando o número foi de R$ 597 milhões. Esse cenário se agravou em 2025, quando o rombo chegou a R$ 4,3 bilhões apenas no primeiro semestre, colocando em risco a manutenção da empresa e aumentando as pressões por reformas ou aporte financeiro emergencial.
A crise financeira impactou diretamente as políticas de governo, levando o Tesouro Nacional a garantir um empréstimo de R$ 20 bilhões à estatal para evitar que as operações fossem paralisadas. O déficit acumulado das estatais federais desde o início do novo governo Lula já alcança R$ 18,5 bilhões. Analistas afirmam que a deterioração acelerada dos resultados decorre tanto da queda nas receitas dos Correios quanto do aumento das despesas com pessoal e encargos, além de sucessivos episódios de inadimplência que afetaram o pagamento de benefícios e serviços para funcionários. O patrimônio líquido da empresa atingiu -R$ 8,7 bilhões, revelando que, mesmo em caso de venda dos ativos, ainda ficariam pendentes quase R$ 9 bilhões em obrigações não quitadas.
No plano político, senadores de oposição criticaram duramente o governo por considerar que o aparelhamento político das estatais, com indicações partidárias sem critérios técnicos para a diretoria dos Correios, contribuiu para aprofundar a crise financeira e institucional. Eles argumentam que o empréstimo do Tesouro Nacional representa uma decisão política que abandona a agenda da privatização e da busca por eficiência estatal. Também apontam como riscos o desrespeito a critérios técnicos e a possibilidade de estatais deficitárias continuarem sobrevivendo apenas com aportes públicos, sem contrapartida de melhoria dos serviços.
Senadores alinhados à base governista sustentam que o aporte do governo é necessário para garantir o funcionamento da empresa e a preservação do serviço postal universal. Também defendem que dificuldades enfrentadas pelos Correios refletem mudanças estruturais no setor, como a redução do volume de correspondências físicas e o aumento da concorrência internacional na logística. O discurso oficial atribui parte da crise a fatores externos e reforça a importância dos investimentos públicos na reestruturação e modernização da estatal.
As investigações da PGR enumeram mais de 50 processos judiciais abertos desde o segundo mandato de Lula, apontando incapacidade das autoridades em combater o desmonte institucional dos Correios. Parlamentares em diferentes espectros reconhecem a gravidade dos dados e compartilham o entendimento de que só uma reforma profunda — com auditorias públicas, metas rigorosas e maior transparência — pode garantir a sobrevivência da estatal. O caso converteu-se em debate central nas comissões do Senado sobre infraestrutura, serviços públicos e futuro das empresas estatais brasileiras.
(*) Com informações das fontes: Procuradoria-Geral da República, Senado Federal, relatórios financeiros dos Correios, CNN Brasil, Veja, Gazeta do Povo, Poder360, G1 e Projeto Comprova.